Elementos de Magia
Nós,
mentores responsáveis pela linha do conhecimento do Ritual de Umbanda
Sagrada, às vezes (muitas para ser franco) nos sentimos magoados com a
falta de explicação acerca dos elementos de magia, pois ela é de
competência dos pais e mães de Umbanda. Infelizmente, eles têm dedicado
tão pouca atenção a esse assunto, que muitos Guias de Lei (espíritos
atuantes na incorporação) sentem-se constrangidos quando têm de
“receitar” certas obrigações aos consulentes das tendas onde atuam.
Sim,
existe um descaso total nesse aspecto, e isso tem dado farta munição
aos adversários religiosos da Umbanda, e mesmo do Candomblé, pois esse
desconhecimento de causa pelos próprios médiuns os tem impedido de
sustentarem suas próprias praticas mediúnicas, todas fundamentadas na
movimentação de elementos mágicos ou magísticos.
Mágico = movimentação de energias
Magístico = ativação de processos mágicos
Quantos médiuns não desconhecem o próprio significado das velas coloridas que acendem aos seus orixás?
Quantos não desconhecem o porquê da queima de pólvora ou dos banhos de ervas ou de sal grosso?
Quantos fazem obrigações, mas intuitivamente, porque desconhecem seus reais fundamentos?
Quantos
não cantam os “pontos”, mas sem convicção ou vibração, só porque
desconhecem seus fundamentos ocultos, seus poderes vibratórios e
magísticos, e mesmo, seus valores rituais?
Quantos,
ao fazerem um “despacho”, não se sentem constrangidos, pois desconhecem
o real significado e valor simbólico que eles têm pra quem os recebe?
São
tantas perguntas semelhantes a estas que é melhor pararmos por aqui e
comentarmos o que já temos, senão nosso livro irá virar uma
enciclopédia. Mas seremos objetivos para não nos alongarmos demais nesse
capítulo.
Vamos aos elementos rituais:
Normalmente
uma oferenda contém vários elementos materiais que à primeira vista
parecem não ter fundamento. Mas na verdade, todos têm e são facilmente
explicáveis.
Frutas,
velas, bebidas, flores, perfumes, fitas, comidas, etc., tudo obedece a
uma ordem de procedimentos, todos afins a que se destinam.
Senão, vejamos:
Frutos: são
fontes de energias que têm várias aplicações no plano etérico. Cada
fruta é uma condensação de energias que forma um composto energético
que, se corretamente manipulado pelos espíritos, tornam-se plasmas
astrais usados por eles até como reservas energéticas durante suas
missões socorristas.
As
frutas também servem como fontes de energias sutilizadoras do corpo
energético dos espíritos, e como densificadoras dos corpos elementares
dos seres encantados regidos pelos orixás e que atuam na dimensão
espiritual, onde sofrem desgastes acentuados, pois estão atuando num
meio etérico que não é o deles.
Para
efeito de comparação, podemos recorrer aos trabalhadores que manipulam
certos produtos químicos e precisam ingerir grandes quantidades de leite
para desintoxicá-los ou aos que trabalham em fornalhas e precisam
ingerir grandes quantidades de líquidos para se reidratarem. Sim, os
encantados são seres que, quando fora das suas dimensões de origem
sofrem fortes desgastes energéticos.
E
esse mesmo desgaste sofre os espíritos que atuam como curadores, quando
doam suas próprias energias aos enfermos, tanto os desencarnados quanto
os encarnados.
É
certo que para si só, um espírito ou um encantado não precisa de
alimento algum, ou mesmo da luz de uma vela. Mas os que atuam nas
esferas mais densas sofrem esgotamentos parecidos com os mineiros que
trabalham em minas profundas. E os que atuam como curadores doam tanto
de suas energias que muitos precisam descansar um pouco após socorros
mais demorados junto aos enfermos.
Já
escreveram tanto sobre Umbanda, Espiritismo, Candomblé,
espiritualismo, etc., e, no entanto ensinam muito pouca ciência
espiritual no que escrevem.
Bem,
voltando ao nosso comentário, o fato é que as frutas têm muitas
utilidades aos espíritos e aos seres encantados que atuam junto dos
médiuns umbandistas.
Romã,
mamão, manga, uva, abacaxi, laranja, jabuticaba, pitanga, etc.,
fornecem energias que podem ser armazenadas dentro de “frascos
cristalinos” existentes no astral e que, depois de armazenadas, basta
aos seus manipuladores lhes acrescentar uma energia mineral que o
conteúdo do frasco transforma-se numa fonte irradiante, e inesgotável,
de um poderoso plasma energético ao qual recorrerão para curar espíritos
enfermos ou pessoas doentes sempre que precisarem.
Afinal,
se fosse só para “comer” os frutos, para que um guia espiritual
recomendaria ao seu médium uma trabalhosa oferenda? Seria mais prático
ele comer na própria casa do médium ou ir a algum mercado, onde se
fartaria de tantas frutas que neles existem, não é mesmo?
Só que ninguém atenta para isto: uma
oferenda é um ato religioso realizado no ponto de forças de um orixá,
que irá fornecer ao espírito que trabalha com o médium um de seus axés,
utilizado de imediato, ou posteriormente, em trabalhos os mais diversos.
Uma
oferenda obedece a todo um ritual magístico, que por isso mesmo, ou é
feito religiosamente ou não passará de uma panacéia. Orixá algum admite
panacéias em seus campos vibratórios e domínios energéticos (axés).
Reflitam
sobre o que foi escrito porque a oferenda ritual seja ela como ou qual
for, é um procedimento religioso. E tem de ser entendida e respeitada
como tal, pois no lado oculto e invisível sempre há uma divindade que
nela atuará diretamente, ou através de seus encantados ou de espíritos
incorporados às suas hierarquias ativas.
Esse
procedimento é correto, recomendável e fundamentado em preceitos
religiosos. Só durante uma oferenda ritual os guardiões dos axés, após
certificarem-se de que eles terão um uso amparado pela Lei Maior, os
liberam para o uso particular dos espíritos atuantes nas tendas. Ou
alguém acredita que os axés são liberados para uso profano?
Atentem
bem para o que foi escrito aqui. Só um desconhecedor dos procedimentos
ritualísticos desconhece o fundamento das oferendas rituais.
Afinal,
para que um exu de Lei perderia seu tempo acompanhando todo o ritual de
despacho de algumas garrafas de marafo na terra? Não seria mais lógico
ir a uma destilaria e embriagar-se com os vapores etílicos, lá emanados
em abundância?
Existe
toda uma ciência divina nos processos ritualísticos, e um exu de Lei a
conhece muito bem, além de saber manipular as energias que extrairá dos
elementos materiais que lhe forem oferendados.